sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
AUTOPSICOGRAFIA
AUTOPSICOGRAFIA
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor
finge tão complementamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
E os que o lêem o que escreve,
na dor lida sentem bem,
não as duas que ele teve,
mas só a que eles não tem.
E, assim nas calhas de roda
gira a entreter a razão,
esse comboio de corda
que se chama o coração.
PESSOA, Fernando. O Eu Profundo e os Outros Eus. Editora Nova Fronteira: RJ, 1980,pág. 104
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